As festividades sagradas, conhecidos como matsuri são a oportunidade de os praticantes do xintoísmo se congregarem e prestarem reverência aos kami.
Os matsuri são elementos de destaque do xintoísmo. Muitas pessoas conhecem o xintoísmo por meio dessas festividades, que ganharam força popular e em diversos casos fazem parte da programação cultural de determinadas regiões do Japão.
O próprio termos -matsuri – vem do verbo matsuru, que significa “adorar” . Entretanto, a expressão assume um leque mais amplo de compreensão na mentalidade do xintoísmo. ” No seu verdadeiro e profundo significado, matsuri é viver numa constante atitude de oração e de obediência à vontade do kami e, por consequencia, sob a sua proteção, que devemos pedir na oração ” (Rochedieu,1982,p.113)
Vejamos a seguir, um resumo das etapas do matsuri. Certamente cada templo ou região poderá apresentar especificidades na realização deuma ou outra fase, mas a estrutura é fundamentalmente esta:
1 – A purificação interior e exterior dos participantes;
2 – A purificação dos homens e das coisas do local onde será celebrado o matsuri;
3 – Petição ao kami para que “faça descer o seu espírito sobre o local do matsuri “. Para isso são necessárias 3 passos:
a) Tocar o tambor ou sinos;
b) Abrir a porta interior do templo;
c) Entoar o chamamento do kami, que por vezes é acompanhado de mantras;
4 – Apresentação de oferendas ao kami;
5 – Salmodiar os norito (invocações);
6 – Oferenda de um ramo de sakaki;
7 – Oferenda ao kami de cantos e danças;
8 – Retirar as oferendas apresentadas ao kami;
9 – Convidar ao kami a retirar-se.
10 – Refeição feota em comunhão (Rochedieu, 1982,p.114)
Urna para colocar os envelopes de agradecimento
É costume tradicional no Japão a oferta de oferendas em visitações a templos xintoístas em forma de envelope com quantia variada em dinheiro, denominado de Tamagushi Ryo. É considerado como uma Gratidão aos Deuses pelos desejos pedidos.
O Ano Novo (Oshôgatsu 正月) marca o início do ano em todos os tipos de calendários do mundo. As pessoas celebram tanto o encerramento de um ano que se passou em segurança quanto a passagem para um novo ciclo com decorações, eventos e culinárias típicos de Ano Novo. O dia 1 de janeiro é denominado gantan (元旦), literalmente traduzido como “amanhecer do primeiro dia do ano”, mas celebra-se o Ano Novo durante três dias, que consistem em um feriado prolongado chamado sanganichi (三が日).
No primeiro dia do Ano Novo, a divindade Toshigamisama (年神様) visita cada família trazendo votos de felicidade para todo o ano. Considerada a divindade do Ano Novo, Toshigamisama também é conhecido como Shôgatsugami (正月様) ou Toshitokujin (歳徳神), é também Soreishin (祖霊神), traduzido como o “ancestral divino”, Tanokami (田の神, que significa “Deus da Boa Colheita do Arroz”) e Yamanokami (山の神, “Deus da Montanha”), todos profundamente envolvidos com a boa colheita e a prosperidade dos descendentes e conferem saúde e felicidade às pessoas.
Uma tradição dessa ocasião é pendurar na porta de entrada da casa um arranjo de pinheiros (kadomatsu 門松) que recebe o nome de matsunouchi 松の内. Dependendo da região do Japão, o matsunouchi permanece sete ou quinze dias na porta da casa das pessoas.
Teremos venda do kadomatsu (arranho de pinheiros), além de todos os omamoris (amuletos)
Fonte: https://coisasdojapao.com/2021/11/deuses-no-japao/
Fonte: https://coisasdojapao.com/2021/11/deuses-no-japao/
A data, promulgada desde dezembro de 2009 pela prefeitura de Shizuoka, surgiu do trocadilho: Fu (2) Ji (2) San (3), ou seja, “Fuji-san” como é chamado em japonês. Dizem também, ter sido escolhida por ser a data do aniversário do príncipe herdeiro, o futuro Imperador do Japão. Apesar da data não ser considerada um feriado nacional, é comemorada regionalmente com muitos eventos para celebrar seu maior ícone.
Local de peregrinação permanente acredita-se ser a “morada dos deuses”, dando origem por séculos a inúmeras lendas japonesas. Baseado nas crenças, Konohana Sakuya Hime é considerada a deusa patrona da montanha-símbolo do povo nipônico. Será um drive thru para benzimento dos carros, na morada dos Deuses (que no caso é o templo Xintoísta do Brasil.
Na mitologia japonesa, Konohana Sakuya Hime é uma divindade terrestre, filha de Ōyamatsumi-no-Mikoto (Deus Regente das Montanhas) e irmã de Iwanaga-hime (Princesa da Rocha Extensa). Seu nome significa “Princesa do Florescimento das Árvores”, seu símbolo é a flor de cerejeira que representa a beleza e efemeridade da vida terrena. Também chamada de Sengen-sama, é considerada a Deusa patrona do Monte Fuji. Conta a lenda, que a união da deusa e Ninigi no Mikoto deu origem a casta imperial japonesa.
Fonte: http://cacadoresdelendas.com.br/japao/konohana-sakuya-hime-deusa-do-monte-fuji/
Ooharae (a grande purificação) é um evento [xintoísta] para eliminar as impurezas do corpo, que se realiza anualmente no último dia dos meses (misoka) de junho e dezembro. Tornou-se uma prática comum na época do imperador Tenmu 1300 anos atrás.
A grande purificação de junho é chamada de “nagoshi harae – Rito de Purificação de Verão”. Visita-se o santuário para 1 – passar pelo chinowa 2 – transferir as impurezas pessoais a um boneco de forma humana e depois queimá-lo. 3 – apreciar o tradicional doce japonês “minazuki”. Trata-se de um evento anual para afastar os maus espíritos e orar por uma longa vida.
Teremos a venda do doce Minazuki e todos os amuletos
Passar pelo chinowa é caminhar sob um círculo de bambu coberto por um feixe de capim de 2,3 m de diâmetro, instalado no recinto do santuário. Acredita-se que este ato purifica as impurezas do corpo, e o ritual consiste em percorrer três vezes o círculo, a começar com o pé esquerdo, virando primeiro à esquerda, depois à direita e de novo à esquerda, a fim de traçar o número oito [∞] na horizontal (considerado o símbolo do infinito).
A origem dessa crença origina-se da lenda de dois irmãos Somin Shôrai e Kotan Shôrai no período Nara (por volta do séc. VIII).
Fonte: https://japanphilly.org/?event=nagoshi-no-ooharae-shinto-ceremony-of-great-purification
Eliminar as impurezas, anotando o nome e a data de nascimento no recorte de papel em forma de figura humana, soprando-o para transferir as impurezas pessoais e, depois, queima-lo.
O minazuki é o doce tradicional da época da purificação de junho. Trata-se de um doce em forma de triangulo, preparado com uirô (uma espécie de bolo branco de farinha de arroz, cozido a vapor) e coberto com feijão azuki – acredita-se que espanta os maus espíritos. A forma triangular representa a “agua” e, antigamente, realizava-se o “Festival do Gelo – kôri no sekku” no Palácio Imperial, no dia 1º de junho do calendário lunar. O gelo formado durante o inverno era guardado num depósito de gelo (himuro) nas montanhas; no verão, era utilizado no rito de purificação, colocando o gelo na boca, e ao mesmo tempo formulado o desejo de um saudável verão.
Os rituais dos Santuários de Kamigamo, Shimogamo e Kibuno em Kyoto e do Santuário Sumiyoshi Taisha em Osaka são célebres.
Na Coletânea de Poemas de Shûi – Shûi wakashû temos o seguinte poema, [que invoca vida longa àqueles que participam do ritual]:
Minazuki no nagoshi no harae he suru hito wa,
Chitose no ichinochi nobu to iu nari
Aqueles que realizam o rito de purificação no verão. No sexto mês (minazuki), prolongam a sua vida por mil anos.
O crisântema, nome científico Chrysanthemum foi levada da China ao Japão, na antiguidade. É a mais representativa e comercializada do Japão, além de sua flor ser símbolo do brasão imperial japonês. Apresenta uma grande variedade de tipos, que geralmente são classificados por tamanho e florescem principalmente no outono.
No dia 9 de setembro é celebrado o Chôyô-no-sekku 重陽の節句 (nono dia do nono mês do calendário lunar), também conhecido como Kiku-no-sekku 菊の節句 (Festival do Crisântemo). Nesta festividade, uma vida longa e eterna é desejada através das flores de crisântemo, além de se desfrutar de tudo que se relacione com ela. Costuma-se tomar saquê desta flor e comer arroz com castanhas portuguesas ou berinjelas de outono.
Provavelmente, esta flor começou a fazer parte da cultura japonesa a partir do momento em que o Imperador Kanmu (737-806) realizou, no ano 791, o primeiro Kikuawase 菊合わせ (competição de flores de crisântemo). É um jogo em que grupos separados, frente a frente, trazem esta flor para competir a sua beleza. É uma espécie de utaawase 歌合せ (competição de poesia), na versão “flores”. Este jogo fez-se muito popular no Período Edo (1603-1868) entre o povo, e principalmente de meados ao final deste período, na Era Bunka (1804-1818), esculturas de objetos e bonecos confeccionados de crisântemo (kiku ningyô 菊人形) começaram a aparecer. Este costume atravessou a Era Meiji (1868-1912) e continua até a atualidade.
Fonte: https://www.chadourasenke.org.br/espirito-japones/kiku/
É um dos eventos anuais populares que acontecem desde o período Edo em tributo ao deus Ebisu (恵比須), conhecido como o Deus da Fortuna, representado nas imagens com roupa de caça antiga (karinugi 狩衣), além de um capuz ou gorro (eboshi 烏帽子), segurando uma vara de pesca na mão direita e um grande peixe pargo na mão esquerda.
Dentre os Sete Deuses da Boa Sorte (Shichifukujin 七福神), muito familiar para os japoneses, apenas o deus Ebisu é um originário do Japão. Refere-se a ele como “Hiruko no mikoto 蛭子命”, o primeiro filho das divindades Izanagi e Izanami, aos quais se atribui a criação do Japão.
Segundo crenças populares, Ebisu é o patrono dos pescadores e do comércio, trazendo prosperidade aos negócios. Também é a divindade que atrai boa sorte, as pessoas que oferecem orações a Ebisu, pedem por segurança da família e uma ótima saúde. Ele é o único deus que fica como guardião durante o “décimo mês do ano” segundo o calendário antigo, considerado como o Mês da Ausência dos Deuses (Kannazuki神無月), quando todas as divindades de todo o Japão partem para o Santuário Izumo Taisha. Essa festividade começou a acontecer para consolar Ebisu.
Na região de Kanto, ela é realizada em muitos lugares no dia 20 de outubro e chama-se Hatsuka Ebisu 二十えびす (hatsuka = “vigésimo dia”). Em Kansai, a festividade acontece no dia 10 de janeiro em muitos locais e por isso é denominado Tôka Ebisu 十日戎 (Tôka = dez). Na zona rural, costuma-se oferendar macarrão sarraceno (soba), cará ralado (tororo), arroz cozido com feijão azuki (azuki meshi), nabo bifurcado (futamata daikon). Os comerciantes oferendam pargo (tai), saquê (miki), e kagami mochi (conjunto de dois bolos de arroz glutinoso –mochigome- sobrepostos e decorados), caqui, castanha (kuri) – as pessoas rezam pela prosperidade dos negócios e comemoram junto com os clientes.
Neste período (19 e 20 de outubro) é realizado o mercado Bettara-ichi べったら市, em Nihonbashi, Tokyo. Trata-se de um festival de comidas em que são vendidas ‘conservas de nabo seco (curtidas em levedura de arroz), com sabor adocicado’ (bettara-zuke).
As celebrações mais famosas são as no Santuário Takarada Ebisu (寶田恵比須神社), onde acontece o mercado Bettara-ichi (em Tokyo), além das realizadas nos santuários de Ebisu (províncias de Tochigi, em Nagano), Nishinomiya (província de Hyôgo), Yasaka e Ebisu (em Kyoto), Tenmangu e Sumiyoshi (em Osaka). São também famosos os Tôka Ebisu que acontecem nas cidades de Fukuoka e Kitakyushu